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Quando a Apsara Desce: Amor sem Possuir, Prazer sem Culpa

  • Foto do escritor: Arvind Kidambi
    Arvind Kidambi
  • 20 de abr.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 12 de mai.

Arvind, Brasília 💋


Na mitologia indiana, as apsaras dançam entre mundos.

São ninfas celestiais, criadas para encantar deuses e confundir ascetas.

Não foram feitas de barro, mas de desejo — de nuvem úmida e vento quente.

São o intervalo entre o mantra e o gemido.


Dizem que quando os rishis — os sábios — meditavam forte demais, o céu enviava uma apsara.

Não para distraí-los...

Mas para testar se a renúncia era real.


E quase sempre, não era.


Porque quando ela dançava, a própria terra gemia.


Mas por trás do encantamento, existia cansaço.


As apsaras sabiam que eram desejadas por sua beleza, sua pele, sua dança.

Eram celebradas e consumidas — pelos devas, pelos reis, pelos mortais e até pelos monges que caíam de seus tronos de pureza.


Mas ninguém queria saber o que elas desejavam.


Elas se tornaram símbolos — nunca sujeitos.

Corpos para serem tocados, nunca almas para serem ouvidas.


Até que uma delas cansou.


Desceu sozinha.

Sem missão, sem palco, sem pedido dos céus.


Foi encontrar um monge.

Um desses homens que fugiram do mundo para buscar o divino em silêncio, em celibato, em negação.


Ela o encontrou sentado, claro.

Meditando, claro.


Mas ela não estava ali para ser vista.


Estava ali para ser sentida.


— Você quer me ver? — ela perguntou.

— Então toque.


O monge arregalou os olhos. Já a conhecia de histórias.

De fantasias escondidas.

De sonhos molhados que fingia esquecer.


Mas ela estava ali. Real. Cheirosa. Quente. Impaciente.


— Não sei — ele disse.


— Então eu te ensino — ela respondeu, e tomou a mão dele.


Não foi um toque técnico.

Foi um chamado.

A pele dela ensinava.


Ela o guiou.

Primeiro devagar. Depois fundo.

Mostrou que um seio não é só curva — é altar.

Que a vulva não é só portal — é caminho.


E o monge, esse homem feito de mantras e disciplina, começou a gemer também.

Porque o corpo dele lembrava.


Ela montou nele não como quem se oferece,

mas como quem desperta.


E ali, entre gemidos e silêncios, suor e salivas,

algo novo nasceu:


Ele se fez amante.


Não daqueles que dominam.

Mas daqueles que se deixam dançar por ela.


Ela ensinou o ritmo.

A pausa.

O beijo que não implora.

A mão que sustenta.

O quadril que ouve.


E foi ali, com os quadris grudando lento,

que ele aprendeu que entrar não era invadir —

era ouvir com o corpo.


Ela o guiava com gemidos.

Pequenos sons, quase sussurros,

que diziam mais do que qualquer “sim”.


— Mais devagar — ela murmurava,

e ele parava,

como quem recebe instrução de um templo vivo.


Ela virou de lado, e puxou a mão dele por trás.

Guiou os dedos até onde doía de tão viva.

— Aqui… — ela sussurrou.

— Toque aqui, e sinta meu coração bater no seu.

E ele obedeceu.


Os toques dele não eram invasivos, nem agressivos.

Ele a tocava com a reverência de quem entrou em um templo sagrado.

Com olhos que viam além da carne, além do corpo que se oferecia.


Ela gemia, agora sem pressa.

Cada movimento era uma oração.

E o monge, sem palavras, respondia.


Ela sentia seu corpo se abrindo,

como se fosse a flor mais rara,

e ele não a consumia.

Ele a ouvia. A sentia.


A cada movimento mais profundo,

ela sentia o prazer não como algo que a dominava,

mas como algo que a libertava.

Era como se o prazer fosse um rio que ela deixava fluir sem medo,

sem bloqueios.


Ela tocava o peito dele.

Os dois estavam entrelaçados em um único fôlego,

o sexo mais sagrado do que qualquer mantra.

Ela queria mais…

Mais dele.

Mais de si mesma.

Mais de tudo o que nunca havia permitido antes.


Cada toque dele trazia mais memória, mais força.

Era um aprendizado para os dois.

Ele não estava mais apenas buscando algo —

ele estava se tornando.

Ele não queria mais dominá-la,

ele queria tocá-la, sustentá-la.


E ela, agora, sabia o que era ser tocada sem ser possuída.

E o prazer se intensificava.

Ela sentia cada parte dela sendo exaltada,

como se o corpo, antes fragmentado, agora estivesse em sintonia com o todo.

A mente, o corpo, a alma — uma única dança.


E quando o prazer veio —

lento, úmido, com gosto de oferenda —

ele chorou.


Não de culpa.

Mas de gratidão.


— O que é isso? — ele perguntou, arfando.


— Isso é amor quando o sagrado se ajoelha pro prazer — ela disse.


Ele a olhou como se tivesse descoberto um novo nome pra Deus.


Mas o que ela não esperava…

era que algo dentro dela também começasse a tremer.


Porque ao guiá-lo, ao permitir que ele a tocasse sem roteiro,

ela também se tocava de um jeito novo.


Ela, que por tantas vidas foi musa.

Ficção.

Fantasia de homem que nunca soube ouvir.


Agora, entre os dedos daquele monge-despertado,

ela se via como carne que pulsa.

Como voz que geme.

Como flor que abre — porque quer, não porque é colhida.


— Mais devagar — ela sussurrou.

Não era uma ordem.

Era uma oferenda.


Ele obedeceu.

E ela sentiu: cada movimento dele era um "sim" pro corpo dela.


E ali, entre toques que não invadiam, mas pediam licença,

ela começou a gozar.


Mas não foi só um orgasmo.


Foi um tipo de lembrança.

O corpo dela lembrava de algo que não vinha do sexo —

mas do sagrado que o sexo guardava.


A cada gozo, ela voltava mais.

Mais mulher.

Mais inteira.

Mais consciente de que não era objeto, nem deusa —

era universo.


E ao sentir isso, ela riu.

Daqueles risos que vêm da barriga.

Do útero.


O monge riu junto.


E, pela primeira vez, ali, entre pele suada e respiração descompassada,

ele entendeu que ser homem não era conter o prazer.

Era saber contê-la —

sem medo, sem pressa, sem querer apagar o brilho que ela tem quando está viva.


Não havia salvação.

Não havia queda.


Havia apenas dois seres descobrindo que o amor

é quando o masculino aprende a não possuir,

e o feminino lembra que pode escolher.


Ela se deitou no peito dele.

Sentiu o coração ainda acelerado.

Ele passou os dedos pelas costas dela, sem intenção — só presença.


E ali, entre pernas entrelaçadas e silêncios compartilhados,

nasceu algo raro:


Uma mulher que sabe gozar,

e um homem que sabe sustentar esse gozo.


Não com técnica.

Mas com alma.


---


Arvind, Brasília 💋

Já fui monge. Hoje aprendo a ser amante.

Não quero te guiar. Quero te sentir.

Te deixo entre pele, poesia e pulsação. 💋




 
 
 

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