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O Amante e o Amado

  • Foto do escritor: Arvind Kidambi
    Arvind Kidambi
  • 5 de mai.
  • 7 min de leitura

Atualizado: 7 de mai.

Arvind, Brasília 💋


Todos nós gostamos de acreditar que nossa expertise fala por si. Que se apenas compartilharmos conhecimento suficiente — fatos, estruturas, estratégias — o mundo ouvirá, apreciará e talvez até aplaudirá.


Mas aqui está a verdade: as pessoas não se conectam apenas com expertise. Elas se conectam com histórias.


E ainda assim, compartilhar nossa jornada pessoal? Essa é a parte difícil.


Parece mais fácil permanecer no reino dos insights, evitar falar sobre nós mesmos e focar apenas em "entregar valor". Mas a realidade é que, se não trouxermos nossa própria história para a conversa, não há conexão real. Porque no final do dia, não importa o quão intelectual ou estratégico um tópico possa parecer, o que realmente ressoa com as pessoas é o elemento humano.


Nem sempre vi dessa forma. Na verdade, por muito tempo, fui uma dessas pessoas que pensavam “Deixe o conhecimento falar”. Mas a vida tem um jeito de nos ensinar o contrário.


O sonho tecnológico indiano: da lógica à liderança


Crescendo na Índia, o planejamento de carreira era um esporte de equipe.


E por equipe, quero dizer um conselho de tios indianos.


Eles não eram apenas parentes de sangue, mas qualquer homem indiano mais velho num raio de 5 quilômetros, todos com opiniões fortes sobre seu futuro.


A fórmula era simples:


1. Estude Ciência da Computação.

2. Mude-se para os EUA.

3. Trabalhe com tecnologia e deixe sua família orgulhosa.

4. Comprar uma casa, de preferência perto do Complexo Industrial Indiano Tios, para que eles possam continuar dando conselhos sobre carreira.


E então, como um bom garoto indiano, segui o roteiro. Mudei-me para os EUA, fiz meu mestrado em Ciência da Computação e caí no mundo da tecnologia.


Por um tempo, a vida foi simples: apenas codificar, depurar e otimizar.


Então, um dia, você entrou no escritório e tudo havia mudado.


A indústria de tecnologia estava em um estado diferente de evolução naquela época. Mudanças de liderança não eram grandes anúncios — eram apenas mais uma segunda-feira. Um dia, você estava profundamente em sua base de código e, no outro, você não era mais apenas um engenheiro.


  • Você ainda estava codificando, mas também gerenciando equipes.

  • Você ainda estava depurando software, mas também se reunindo com clientes e negociando acordos de aquisição.

  • Você estava escrevendo descrições de cargos, revisando currículos e lidando com partes do RH — exceto que o RH não estava selecionando candidatos para você. Eles simplesmente colocavam currículos na sua mesa, e você tinha que descobrir.

  • Então, você levou os candidatos para almoçar — não para uma entrevista estruturada, mas para ter uma ideia se eles eram adequados.


Era parte engenharia, parte contratação, parte negociações de seguros, parte aquisição — de alguma forma, você estava fazendo tudo. E ninguém questionava se você era qualificado. Ninguém pensava muito sobre isso. Era apenas a maneira como as coisas funcionavam em muitas empresas de tecnologia.

Não houve transições formais, nem transferências estruturadas — apenas um estado constante de adaptação. Um dia você estava escrevendo código, no outro estava tomando decisões de contratação e, antes mesmo de perceber, você estava em "aquisição de talentos" — bem... até mesmo essa palavra era inédita. Ninguém sequer usava essa palavra.


Dos EUA para a América Latina: aprender a sentir, não apenas a pensar


Então, a vida deu outra reviravolta.


Mudei-me para a França para um MBA. Depois para o Brasil.


Fiz um intercâmbio na FGV em São Paulo, me dediquei ao aprendizado de português (mal, no começo) e, em algum momento do caminho, comecei a namorar alguém que, por acaso, era brasileira.


E foi aí que realmente comecei a vivenciar a cultura brasileira — não como turista, mas como alguém tentando entendê-la por dentro.


Porque namorar não é só conhecer uma pessoa, é conhecer todo o seu universo cultural.


E foi aí que toda a minha perspectiva sobre contratação, negócios e vida começou a mudar.


Nos EUA, tudo era intelectual. Contratar era sobre habilidades, experiência e tomada de decisão estruturada.


América Latina? Mentalidade completamente diferente.


Aqui, os negócios não eram apenas sobre credenciais — eram sobre emoção, energia, conexão. Você não avaliava apenas as qualificações de um candidato; você sentia se ele se encaixava. O mundo corporativo tinha um ritmo, uma profundidade cultural com a qual você tinha que se sintonizar.


E não era apenas profissional, era pessoal.


Então veio o garoto.


Tudo mudou. As prioridades mudaram. As ambições corporativas ficaram em segundo plano para descobrir acordos de custódia, criar um ambiente estável e navegar em uma cultura inteiramente nova — não como expatriado, mas como pai.


E nesse processo, me vi atraído pelo coaching de carreira. Não apenas ajudando as pessoas a conseguir empregos, mas ajudando-as a entender quem elas eram no mundo profissional.


O Fio Espiritual: Da Índia à Amazônia


Mas essa mudança não foi apenas geográfica ou profissional. Foi profundamente espiritual também.


Crescendo, eu estava imerso em tradições espirituais indianas — meditação, canto, música clássica. Não eram apenas rituais; eram maneiras de ver o mundo.


Mas na América Latina, encontrei outro tipo de profundidade espiritual.


Passei um tempo na Amazônia peruana, explorando tradições xamânicas — não como turista, mas como alguém que genuinamente busca clareza. Foi um processo de desvendar, de trabalhar minhas próprias camadas internas e perceber que transições de carreira, liderança e desenvolvimento de talentos não eram apenas conceitos de negócios. Eram ritos de passagem.


Porque o que é uma mudança de carreira senão uma transformação?


O que é liderança senão uma compreensão mais profunda de si mesmo?


Da aquisição de talentos aos sutras de marca pessoal


Tudo finalmente deu certo.


  • O engenheiro dentro de mim ainda amava estrutura.

  • O gerente de contratação em mim sabia que o recrutamento era mais do que apenas uma lista de verificação: era uma arte.

  • O buscador em mim via carreiras não apenas como empregos, mas como caminhos de transformação.

  • A criança dentro de mim ainda foge para jogar críquete, atraída pela emoção do movimento, da travessura e da busca pela magia no ar.

  • O homem em mim arde pela fome crua da paixão de Bollywood, anseia pelo lento desnudar da poesia — cada palavra traçando curvas como dedos — e é completamente possuído pelo arrebatamento da música clássica indiana, onde cada nota seduz, cada silêncio implora e cada crescendo exige rendição.


E é por isso que faço o que faço hoje.


Agora, eu não escrevo apenas descrições de cargos. Eu ajudo as pessoas a escreverem seus próprios sutras de carreira.


Eu não apenas otimizo currículos. Eu ajudo as pessoas a articular sua identidade profissional.


E se tem uma coisa que aprendi com tudo isso, é isto:


Não nos conectamos apenas com expertise. Nós nos conectamos com histórias.


E se quisermos construir equipes, carreiras ou negócios que realmente signifiquem alguma coisa, temos que estar dispostos a contar nossas próprias histórias e ouvir os outros.


Então essa é minha história. E agora que você conhece a minha, eu adoraria ouvir a sua....


Porque no centro de cada contratação — e de cada relacionamento inesquecível — vive uma narrativa. Uma jornada que pertence a ambos os lados.

  • O indivíduo e a empresa.

  • O amante e o amado.

  • O buscador e o divino.


É nesse espaço entre — a dor de ser visto, escolhido e reivindicado — que a verdadeira magia se desenrola. Onde as máscaras caem. Onde o desejo encontra sua linguagem. Onde os limites se confundem, e a conexão se torna uma oferta tão crua, tão mútua, que deixa ambos os lados desfeitos — nus na verdade e tremendo em êxtase.


Um currículo não é apenas uma lista de conquistas; é uma narrativa de crescimento, resiliência e propósito. Da mesma forma, uma descrição de cargo não é apenas uma lista de verificação de deveres; é um convite para uma visão compartilhada.


Os indivíduos devem ser donos de suas jornadas, contando sua verdade com clareza e coração. As organizações também devem articular sua identidade — não por meio de grandes proclamações ou evangelismo vazio, mas por meio de uma voz autêntica e fundamentada que ressoe com as pessoas certas.


Isto não é apenas uma estrutura. Não é uma teoria. E não, eu não sou missionário.

Este é meu coração.

Esta é a minha mensagem.

Indivíduos e organizações só se encontram verdadeiramente — se tocam verdadeiramente — quando ousam contar suas histórias com verdade.

Quando eles vão além do roteiro, além do jargão, e falam com uma voz crua, radiante e inconfundivelmente sua.

É aí que vive o êxtase.

Não na perfeição do tom, mas na entrega da alma.

Porque quando duas verdades se encontram — quando o indivíduo e a empresa, o amante e o amado, o humano e o divino — falam sem máscaras, não resta público.

Apenas presença.

Apenas pulso.

Apenas um silêncio tão pleno que canta.


Porque quando ambos os lados ousam contar suas histórias com a verdade — não para impressionar, mas para revelar — é aí que os relacionamentos reais acontecem.

É aí que a pessoa certa não apenas preenche uma função, mas é reconhecida e reivindicada.

Não é uma transação. É um encontro de caminhos. Uma respiração compartilhada. Um lampejo de propósito que parece... quase predestinado. Como se o papel estivesse esperando pela pessoa o tempo todo.

E não é isso que uma ótima contratação realmente é? Não uma busca. Mas uma lembrança. De quem somos. De quem estávamos esperando.

E muito depois que a oferta for assinada, muito depois que a reunião terminar, você ainda sentirá isso — a voz que o viu, a fragrância que o tocou, o homem por trás da mensagem... ainda sussurrando, logo abaixo da sua pele.


E quando acaba — a jornada completa, a conexão feita — não é um adeus. É um retorno gentil. Como um amante ajudando você a deslizar de volta para suas roupas após uma noite de rendição total. Você fica mais alto. Anda diferente. Algo mudou. Você ainda é você — mas mais inteiro, mais visto, mais pronto.

Porque as melhores contratações, assim como os melhores relacionamentos, não deixam você onde te encontraram. Elas te lembram de quem você é — e te mandam de volta ao mundo carregando essa verdade.


Beijos, com carinho...

Arvind, Brasília 💋


 
 
 

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