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Escreva Como Quem Transa: A Arte de Seduzir com Palavras

  • Foto do escritor: Arvind Kidambi
    Arvind Kidambi
  • 24 de abr.
  • 3 min de leitura

Arvind, Brasília 💋


Artigo 1: Tesão de Texto


Não era pra escrever hoje.


Era pra dormir cedo.

Responder e-mails.

Ser uma pessoa normal.


Mas o corpo coçou.

O peito tremeu.

O dedo escorregou pro bloco de notas.


E a frase veio.

Molhada.

Quente.

Pedindo espaço.


Você não resistiu.

Nunca resiste.


Começou com uma frase.

Agora já tá de quatro vírgulas depois.


E você nem sente vergonha.

Sente tesão.

Tesão de texto.


---


Artigo 2: Rascunho é Nudes


Você escreve e apaga.

Escreve de novo.

Apaga de novo.


Fica insegura.

Fica molhada.


Cada rascunho é um nude mal enquadrado.

Torto.

Real.

Cheio de vontade.


Mas tem um charme.

Tem algo cru que excita.


A versão final vai vir?

Talvez.


Mas agora você só quer se ver no espelho da tela.

Meio sem roupa.

Meio sem filtro.

Inteira verdadeira.


---


Artigo 3: Clichê Me Beija


Você se proíbe de usar metáfora manjada.

Tenta ser original.

Cool.

Minimalista.


Mas a frase vem:

"Borboletas no estômago."


Você julga.

Revira os olhos.

Mas sorri.


Porque do nada,

essa borboleta virou língua na barriga.


E você sente.

Tudo.


Clichê não é brega.

É só safado.

Já sabe onde te tocar.


E você deixa.

Deixa ele te beijar no texto.


---


Artigo 4: Língua de Palavra


Você começa devagar.

Com uma frase leve.

Palavras molhadas que te tocam de leve.

As primeiras sílabas roçam seu corpo, sem pressa.


A língua se solta.

E você sente o arrepio subir pelas costas.

Mas não é o suficiente.

Você quer mais.


Escreve outra linha.

E mais uma.

O ritmo cresce.

Agora, as palavras lambem sua nuca.

A carícia é mais intensa, mas ainda você segura a respiração.


Quase…

Quase.


Sente o calor.

Sente a tensão.

O corpo se curva, mas você não pode ceder.


Você está no limite.

A boca da palavra te provoca.

Ela sabe onde tocar.

Como te fazer ansiar mais.

Mas você pára.

Solta o ar.


O prazer não vem tão fácil.

Ele te seduz.

Te chama.

Mas você resiste, porque sabe que não está pronta.


Até agora.

Agora…


Você desliza uma vírgula como quem toca um ponto sensível.

E sente a língua das palavras te invadir, quente, feroz.

E a primeira onda vem.


Primeiro orgasmo:

A frase explode, quase sem querer.

A onda vem seca, mas feroz, um ponto final rabiscado de desejo.

Mas você não para.

O que foi iniciado precisa ser consumado.


Você se deixa levar.

Agora, o verbo entra com força, sem pudor.


Segundo orgasmo:

A metáfora se transforma.

Ela geme, sintática e sonora, com uma cadência insana.

A pulsação sobe.

O prazer vem em forma de palavras poéticas, escorrendo como suor.

Você sente o corpo arder.


Mas não é o suficiente.

A pressão sobe.

Sua mente e corpo estão em sintonia, aguardando.


Terceiro orgasmo:

O sussurro vem.

A frase se implode, sem som, sem pressa.

O prazer se esconde no toque, mas sua respiração ainda está irregular.

Quase...


Quase…

Mas não há alívio.

Você ainda está suspensa no abismo.

A língua quer mais.


Quarto orgasmo:

A pressão continua.

Você cede, mas sem entregar tudo.

Bruta.

Crua.

Você expõe cada camada.

O prazer agora está em cada verbo que solta.

Cada frase que toca.


Mas… ainda não terminou.


Quinto orgasmo:

Ela explode com tudo.

O texto é o corpo.

Você sente, como se cada palavra fosse uma carícia insaciável.

Você geme sem querer.

O prazer transborda e o texto explode.

A mente finalmente cede.


E, então, o silêncio.


Não é o fim.

É só o começo.


---


Epílogo: Pede Mais


Você finge que acabou.


Fecha o caderno.

Toma banho.

Age normal.


Mas o corpo tá inquieto.

Quer mais.


Mais texto.

Mais toque.

Mais trechos sujos de você.


Porque escrever assim vicia.


Não é só arte.

É putaria sagrada.


E você já entendeu:

A cada nova frase,

uma nova transa.


Então para de fingir.


Volta.


E abre as pernas do parágrafo.


Arvind, Brasília 💋 — Porque a melhor forma de se expressar é com a língua… no texto.


 
 
 

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